ORGULHO DE SER NORDESTINO

ORGULHO DE SER NORDESTINO

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

BLOCO DAS VIRGENS DE BOM CONSELHO - PE

           O bloco das Virgens, fará a festa na próxima sexta-feira, dia 24, desfilando com muita alegria e irreverência pelas ruas de Bom Conselho. Onde os dirigentes da agremiação estão com uma espectativa de reunir mais uma vez uma grande mutidão de foliões.

      O bloco vai percorrer várias ruas da cidade. A concentração será em frente à Escola Coronel José Abílio(no Ceru), e sairá às 21:hrs, pela Avenida XV de Novembro, sendo puxado e animado pelo Dj Ismar. O bloco passará pela praça Dom Pedro ll e com parada final na Avenida Nova. No local, a animação ficará por conta da banda Swing de Luxo.

      E elas com certeza iram sair do armário, porque o bloco só aceita a participação de homens e todos vestidos de mulher. Vale lembrar que o bloco não enfatiza a pornografia, somente a alegria e diversão.
Venha e participe!

HISTÓRIA SOBRE O CORDEL E A XILOGRAVURA


Literatura de cordel e a xilogravura no nordeste

     A literatura de cordel e a xilogravura, técnica de gravura na madeira, foram trazidas pelos portugueses, mas ganharam no Brasil personalidade e se tornaram uma marca do Nordeste. O trabalho do artista J.Borges une essas duas técnicas e é reconhecido no mundo inteiro.
     Foi no mundo do sertão que J. Borges, cordelista e gravurista, nasceu, foi menino e se criou entre as escritas no avesso. “Aqui no Nordeste por conta do poder aquisitivo lá em baixo, criou-se muitos artistas. Todo mundo tinha que viver e não tinha emprego, não tinha nada, a maioria não sabia nem escrever. E aí passava para escrever cordel, pra fazer gravura, boneco de barro”, conta o artista.
     Nos anos 40, no sertão não tinha rádio, televisão nem existia no Brasil, jornal não chegava tão longe, livraria era nome que ninguém conhecia. Tempo de letra fraca no sertão, foi assim que o cordel nas feiras, nos povoados, passou a levar notícias, história de amor e de humor. Muita gente aprendeu a ler com a literatura de cordel.
     “Me criei no sítio e a única informação era dada pelo cordel que meu pai comprava na feira pra gente ler, a virada do trem, a virada do caminhão de Gravatá, a cheia de Maceió, saía os cordeis meu pai levava. Era o jornalismo nosso. Eu entendi de comprar e vender o cordel, pelas praças, pelas feiras, me dei muito bem. Foi onde surgiu a necessidade de ilustrar. Sem a ilustração no cordel, não vendia. Se botasse só a letra, o povo não comprava”, explica.




Xilogravura

    Hoje o cordel não traz mais notícias, nem novidades para o povo sertanejo, descansam nas prateleiras o velho que enganou o diabo, a moça que virou cobra ,o pinto pelado, o grande debate de lampião com são pedro, a desventura do corno ganancioso.
    J. Borges há muito tempo não vive do cordel, para ilustrar as antigas histórias aprendeu sozinho a fazer xilogravura: “Xilogravura é gravura em madeira e quem faz a xilogravura é o xilógrafo”.
    É essa hoje é a sua grande arte. Da maneira mais artesanal, ele desenvolve o seu ofício e, na madeira cor de canela, esculpe as histórias do sertão do Nordeste, as paisagens, os bichos, os costumes daquela gente. Vende gravuras para o Brasil inteiro e costuma dar aulas no exterior.
    O vídeo a seguir mostra, passo a passo, como fazer xilogravura, essa técnica milenar que além de bonita, é fonte de renda para muitos dos nossos artistas populares.

Xilogravura como fazer?

    Xilogravura como fazer?Pesquisei o que é Xilogravura que é uma técnica chinesa , em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do desenho. Na fase final, é utilizado um tipo de prensa para exercer pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um detalhe importante é que o desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao artesão. Como vocês perceberam,dá muito trabalho fazer um assim,com madeira e tal…então eu decidi fazer com um papel e giz de cera.Gente,o resultado foi impressionante,a professora adorou e falou que podia ser assim também.Sendo que eu só precisei de uma folha do caderno(como na foto) e três cores diferentes de giz de cera. Material Necessário: 1 – Bocal de Caneta(qualquer bocal ou então palito dente). 3 – Cores Diferentes de Giz de Cera. 1 – Folha de papel. 1° Passo:pintei todo o papel de três cores diferentes de giz de cera. 2° Passo:Pensei em um desenho fácil (árvore) 3° Passo:com um bocal de caneta fui passando no papel como se o bocal fosse a caneta,no caso,onde eu ia passando tava ficando branco como na imagem.Eu então desenhei de baixo pra cima uma árvore com o bocal da caneta.E PRONTO! Então pessoal,esse foi meu trabalho,muito fácil de fazer e que todos,mais todos mesmo na escola e principalmente a professora gostaram.Espero que vocês gostem também,espero que eu tenha ajudado vocês nos seus trabalhos.
     A literatura de cordel e a xilogravura no nordesteA literatura de cordel e a xilogravura, técnica de gravura na madeira, foram trazidas pelos portugueses, mas ganharam no Brasil personalidade e se tornaram uma marca do Nordeste. O trabalho do artista J.Borges une essas duas técnicas e é reconhecido no mundo inteiro.

     Cordel e Xilogravura uma parceria que já dura mais de um século! Xilógrafos e Cordelistas são faces de uma mesma moeda, indispensáveis na produção dos folhetos. Essa técnica, que se tornou tão popular no Nordeste, presente nas capas do livrinhos de cordel, ainda hoje ganha adeptos e admiradores da arte, graças ao barato custo e simplicidade de execução.

O que é xilogravura?

     Xilogravura significa gravura em madeira. É uma antiga técnica, de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para entalhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução. Em seguida, utiliza tinta para pintar a parte em relevo do desenho.
     Na fase final, é utilizado um tipo de prensa para exercer pressão e revelar a imagem no papel ou outro suporte. Um detalhe importante é que o desenho sai ao contrário do que foi talhado, o que exige um maior trabalho ao artesão.
     Existem dois tipos de xilogravura: a xilogravura de fio e a xilografia de topo que se distinguem através da forma como se corta a árvore. Na xilogravura de fio (também conhecida como madeira à veia ou madeira deitada) a árvore é cortada no sentido do crescimento, longitudinal; na xilografia de topo (ou madeira em pé) a árvore é cortada no sentido transversal ao
     A xilogravura é muito popular na região Nordeste do Brasil, onde estão os mais populares xilogravadores (ou xilógrafos) brasileiros. A xilogravura era frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel. Alguns cordelistas eram também xilogravadores, como por exemplo, o pernambucano J. Borges (José Francisco Borges).
     A xilogravura também tem sido gravada em peças de azulejo, reproduzindo desenhos de menor dimensão. Esta é uma das técnicas que o artesão pernambucano Severino Borges, tem utilizado em seus trabalhos.

História da xilogravura

     Xilogravura que é uma técnica de reprodução de imagens, e textos também, que se utiliza de uma matriz de madeira. A matriz é entalhada à mão com um buril ou outro instrumento cortante. As partes altas que receberão a tinta é que vão imprimir a imagem no papel.

     A gravura mais antiga foi encontrada na China , era uma oração e data o ano de 868. Egípcios, indianos e persas, a usavam para a estampagem de tecidos. Mais tarde, foi utilizada como carimbo sobre folhas de papel para a impressão de orações budistas na China e no Japão.
     No Ocidente, começa a ser usada no final da Idade Média (segunda metade do século XIV), ao ser empregada nas cartas de baralho e imagens sacras. No século XV, pranchas de madeira eram gravadas com texto e imagem para a impressão de livros que, até então, eram escritos e ilustrados a mão. Com os tipos móveis de Gutemberg, as xilogravuras passaram a ser utilizadas somente para as ilustrações.
     No Brasil, a xilogravura chega com a mudança da Família Real portuguesa para o Rio de Janeiro. Os primeiros xilogravadores apareceram depois de 1808 e se alastraram principalmente pelas capitais, produzindo cartas de baralho, ilustrações para anúncios, livros e periódicos, rótulos, etc.
     O primeiro folheto de cordel impressos, ou mais antigo, que se tem notícia é de autoria de Leandro Gomes de Barros – 1865-1918).
     A xilogravura foi usada por muito tempo para ilustrações de periódicos como jornais. Um exemplo disso é o Jornal Mossoroense (RN). Um dos mais antigos jornais em atividade no Brasil, continha xilogravuras como vinheta e ilustrações, elaboradas por seu dono João da Escóssia, considerado por isso, o primeiro xilógrafo potiguar.
     A xilogravura popular nordestina ganhou fama pela qualidade e originalidade de seus artistas. Hoje em dia, muitos gravadores nordestinos vendem suas gravuras soltas além de continuarem a produzir ilustrações para as capas dos cordéis.
     Quase todos os xilógrafos populares brasileiros, principalmente no Nordeste do país, provêm do cordel. Entre os mais importantes presentes no acervo da Galeria Brasiliana estão: Abraão Batista, José Costa Leite, J. Borges, Amaro Francisco, José Lourenço e Gilvan Samico.
     José Francisco Borges, considerado um dos mais importantes nomes da gravura popular brasileira, fez sua primeira xilogravura para o folheto “O Verdadeiro aviso de Frei Damião (sobre os castigos que vêm)”, também de sua autoria. Em quase 40 anos de carreira, J. Borges escreveu mais de 200 cordéis, que, com exceção do primeiro, foram ilustrados por ele próprio. O artista destaca a gravura “A chegada da prostituta no céu”, de 1976, como sua obra mais famosa.
     Sua obra retrata o cotidiano do homem do Nordeste, a cultura e o folclore e a luta do povo na vida do sertão. Outro tema freqüente no cordel e gravuras de J. Borges é o cangaço.
     Guia e Turismo e Viagem da Bahia e Nordeste

Fonte: Literatura de cordel e a xilogravura no nordeste

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Caldeirões Dos Guedes - História


     Em 2016, o distrito de Caldeirões completou 100 anos, mas seu povoamento data do inicio do séc.XIX. Porem o distrito só foi organizado arquitetonicamente em 1916. A área era povoada no século XIX, por uma idosa de origem africana que fazia uma festa anualmente para N. Sª. do Carmo como pagamento de uma promessa pelo fato da comunidade não ser afetada pela peste. A imagem era guardada na capela de um cemitério que ficava de frente da atual capela da comunidade (que ainda não existia). Parte das terras do distrito pertencia ao Barão de Palmeira dos índios: Paulo Jacinto Tenório (que nomeia uma cidade de Alagoas) Os Guedes fundaram varias fazendas no nordeste colonial, e chegaram à região para criar gado, que bebiam água acumulada nas rochas (lajedos, daí o nome caldeirões, e Guedes por causa desses povoadores). Em 1916 Mons. Marques organiza a comunidade com apoio de Domingos Pacheco, e funda a atual igreja de N.Sª. Do Carmo.

     Pelo decreto-lei nº 92, de 31-03-1938, o distrito de Caldeirões do Guedes passou a denominar-se simplesmente Caldeirões. Em 1948 por força de Lei municipal são criados, oficialmente os distritos de Lagoa de São José e Princesa (Rainha) Isabel, que se desmembram de Caldeirões. Em 1958 é criado o distrito de Barra do Brejo, também desmembrado de Caldeirões. Logo, Rainha, Lagoa e Barra já pertenceram administrativamente a Caldeirões. Caldeirões sempre teve relevância social, política e econômica em Pernambuco. Berço de grandes personalidades que ajudaram no desenvolvimento do Agreste tinha engenhos, grandes fazendas de gado, algodão, café e uma prospera feira onde se abatia de 12 a 20 bois para o comércio da carne. Hoje tem uma economia ligada a bacia leiteira, agricultura familiar e benefícios sociais.

     Todos os anos são celebrados com vigor, e piedade, no mês fevereiro a festa da padroeira Nossa Senhora do Carmo, onde tem uma vasta tradicional festa profana com seculares manifestações culturais: forró, jogos, canções de viola, sambas, pega de boi, cavalhadas, comidas típicas, e afins; além da oportunidade dos filhos (as) da terra que moram distante se confraternizar.

AUTOR: Professor Vitor

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

ORIGEM DAS CAVALHADAS

Rei Cristão e cavaleiros, nas Cavalhadas de Pirenópolis.

     Cavalhada é uma celebração portuguesa tradicional que teve origem nos torneios medievais, onde os aristocratas exibiam em espetáculos públicos a sua destreza e valentia, e frequentemente envolvia temas do período da Reconquista. Era um "torneio que servia como exercício militar nos intervalos das guerras e onde nobres e guerreiros cultivavam a praxe da galantaria.
     Nas cavalhadas as alcanzias, bolas de barro ocas cheias de flores e cinzas, eram jogadas no campo de batalha.
     As cavalhadas recriam os torneios medievais e as batalhas entre cristãos e mouros, algumas vezes com enredo baseado no livro Carlos Magno e Os Doze Pares da França, uma coletânea de histórias fantásticas sobre esse rei. No Brasil, registram-se desde o século XVII e as cavalhadas acontecem durante a festa do Divino, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil.

O folguedo

     Os personagens principais são os cavaleiros, vestidos de azul (cristãos) ou vermelho (mouros) e armados de lanças e espadas. A corte é representada por personagens como o rei, o general, príncipes, princesas, embaixadores e lacaios, todos vestidos com ricas fantasias.

Cavalhadas pelo Brasil
Mascarados de Pirenopolis, Goiás.

     As Cavalhadas de Pirenópolis do município de Pirenópolis, em Goiás, onde a festa inclui também personagens Mascarados (folclore) que representam o povo. Vestindo roupas coloridas e montando cavalos enfeitados, eles saem pelas ruas a galope, fazendo algazarra. A encenação dura três dias, cada um deles com uma batalha. Ao final, os cristãos vencem os mouros, que se acabam convertendo ao cristianismo.
     A cavalhada de Poconé e realizada no município de Poconé no mês de junho e uma das maiores manifestação articitas e cultural do Estado de Mato Grosso,e é uma batalha entre mouros e cristãos,uma encenação cheia de provas e um colorido exuberante.

     Realizadas em Guarapuava no Paraná, as cavalhadas dramatizam a luta entre cristãos e mouros e os torneios medievais. Os cavaleiros dividem-se em dois grupos montados, vestidos com bonitos trajes azuis ou vermelhos. Após vários diálogos (encontro das embaixadas), simulam lutas mostrando sua perícia, portando revólveres, espadas e lanças. De lados opostos do campo estão os redutos dos reis cristãos e mouros. No final há paz, com a conversão dos mouros. Os cavaleiros se entregam a uma série de competições equestres (sortes), oferecendo os troféus às suas "damas". Duas bandas de música acompanham o espetáculo: a de "pancadaria" ou "infernal" apupa os faltosos e a outra toca em louvor dos vencedores. Apesar de tudo as cavalhadas são apenas festas folclóricas conhecidas por sua magia.
     No Rio Grande do Sul são conhecidas as cavalhadas realizadas principalmente em Cazuza Ferreira, distrito de São Francisco de Paula, Vacaria, Mostardas, Santo Antonio da Patrulha e Caçapava, festejos que já foram o objeto de estudos históricos do conhecido folclorista e pesquisador gaúcho João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Bráulio Bessa faz cordel sobre tolerância religiosa


Respeite mais, julgue menos!
Perdoe mais, condene menos!
Abrace mais, empurre menos! 
Faça mais, fale menos! 
E se o assunto for religião,
seja razão, seja sua razão. 
Mas também seja coração,
aliás, seja plural, seja corações 
de todas as crenças,
de todas cores,
de todas as fés,
de todos os povos,
de todas as nações!
Não transforme sua fé 
em uma cerca de arames cortantes!
Use ela pra se transformar
em alguém melhor que antes.
Em alguém melhor que ontem! 
Se transforme, transforme alguém,
afinal, do que vale uma prece
se você não vai além? 
Se você não praticar o bem!
Pratique o bem
sem olhar a quem! 
Sem se preocupar com a crença de ninguém! 
Pois acredite, Deus não tem religião também!
Deus é o próprio bem! 
Deixe Deus ser o Deus de cada um!
Deixe cada um ter o Deus que quiser ter!
Seja você! E deixe o outro ser
o que ele quiser ser! 
Seja menos preconceito! 
Seja mais amor no peito!
Seja amor, seja muito amor.
E se mesmo assim for difícil ser
não precisa ser perfeito.
Se não der pra ser amor
seja pelo menos RESPEITO!

ARTISTA DA NOSSA TERRA

Nome: Sebastião Pereira de Moraes
Nascimento: 01 de Abril de 1943
Filiação: Manoel Pereira de Moraes e Olindina Pereira de Moraes.



Basto Peroba iniciou sua carreira de músico, ainda criança ganhou de seu pai uma sanfona de 12 baixos e assim passou a acompanha-lo nas festas juninas de nossa cidade. Ficou conhecido como Basto Peroba e continuou a tocar em festas de santos, casamentos e batizados etc.

Em sua trajetória conheceu o maestro José Duarte Tenório (José Puluca) que o convidou para fazer parte em sua banda, Vila Lobos. A partir daí foi surgindo vários convites para integrar outras bandas, tais como: a banda Tocatins de Palmares e a banda Tremendões de Palmeiras dos Índios. Participou de vários shows de artistas famosos, entre eles Wanderley Cardoso, Jerri Adriani, Waldick Soriano além de seus ídolos Luiz Gonzaga e Dominguinhos no qual se espelhou.



Gravou seu primeiro LP com Vavá Machado e Marcolino em Recife, em seguida formou seu próprio grupo musical intitulado "Basto Peroba e Banda" fazendo sucesso nos grandes clubes de várias cidades e capitais com seu forró pé de serra. A pouco tempo esteve na capital do Amapá, onde pode mostrar a sua arte representando bem a nossa Bom Conselho, como um verdadeiro papacaceiro feliz, agradecido a sua família, seus amigos e a sua terra natal.

ARTISTA DA NOSSA TERRA



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

CARNAVAL DE BOM CONSELHO 2017

     No programa CULTURA NORDESTINA do próximo domingo dia 12 de fevereiro, teremos a satisfação em receber as comissões organizadoras de mais dois blocos de nossa cidade, que será o bloco do Carnaval de ZÉ PULUCA e o Bloco TÔ A TOA, onde teremos um bate papo com eles procurando trazer toda a programação dos dois blocos para o carnaval de 2017, e faremos sorteios de brindes para nossos ouvintes, não percam será SHOW PAPAI!



BLOCO DAS VIRGENS 2017

     No nosso Programa Cultura Nordestina de domingo dia 05 de fevereiro tivemos a grande satisfação em receber no estúdio da Rádio Bom Conselho FM, os organizadores do Bloco das Virgens de nossa cidade, onde tivemos um bate papo falando sobre toda a programação para o carnaval deste ano, e foi feito o convite a todos os foliões que queiram fazer parte deste grandioso bloco, que se apresentara no dia 24 de fevereiro, saindo do Ceru em direção ao posto Avenida, sejam todos bem vindos ao Bloco das Virgens de Bom Conselho-PE.

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Organizadores do Bloco: Tiago e Nego



APOIO
GRUPO BOI VÉI CHÔCO

sábado, 4 de fevereiro de 2017

FESTA DE SÃO SEBASTIÃO- DE 03 À 05 DE FEVEREIRO DE 2017 - COMUNIDADE SÍTIO FLORES

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     Chegou o tempo de celebrar nosso padroeiro, São Sebastião. Que junto ao trono do Senhor Jesus por quem deu a vida, testemunhou e perseverou até o fim.
     Que  a exemplo de São Sebastião aumentemos a nossa fé, e que sejamos fortes para enfrentar os sofrimentos da vida para que um dia sejamos dignos de alcançar as promessas de Cristo. São Sebastião, protegei-nos contra a peste, a fome e a guerra; defendei as nossas plantações e os nossos rebanhos, que são dons de Deus para o nosso bem e para o bem de todos. E defendei-nos do pecado, que é o maior de todos os males.
     Por essa razão, venha e traga sua família e amigos para juntos celebrarmos nosso padroeiro e reativar a chama da nossa Fé.

PROGRAMAÇÃO

03/02/2017 - SEXTA-FEIRA
18:00hs - Procissão saindo da residência dos padrinhos da festa, Sr. Cícero Soares da Silva e Srª. Luiza Bispo Soares em direção a capela.
19:30hs - Santa Missa
Animação e Liturgia: Comunidade de Logradouro dos Leões
Noiteiros: Crianças, Jovens, Crismandos, Dizimistas, Casais e Aposentados

04/02/2017 - SÁBADO
19:00hs - Terço
19:30hs - Santa Missa
Animação e Liturgia: RCC
Noiteiros: Comunidades: Logradouro, Mocós, Poços, Serra da Baeta, Serra Grande, Salgadinho, Igreja Nova, Queimada Grande, Angicos I e II, Areias, Lagoa de São José, Prefeitura Municipal, Câmara dos Vereadores e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
21:00hs - Leilão

05/02/2017 - DOMINGO
15:00hs - Terço da Misericórdia
16:00hs - Missa
Animação e Liturgia: Comunidade Local

Entrega da bandeira ao casal presidente da festa 2018
JOSÉ PEREIRA E IRACÍ MARQUES  

GENTEC ASSESSORIA VETERINÁRIA


GENTEC Consultório e Clínica Veterinária do Dr. Eduardo Carvalho
Possuimos especialidades em diversas áreas que ajudam e melhoram a qualidade dos seus animais.
Localizado na rua Dr. Manoel Borba, 24(ao lado do studio fuji) Bom Conselho-PE
Contatos: (87) 99670-0537 / 98148-8832

ORIGEM DO BLOCO DAS VIRGENS DE OLINDA

     Um domingo antes da data oficial, o carnaval de Olinda é aberto pelas Virgens de Olinda. Esse bloco foi fundado em 1953, e dele só participam homens travestidos de mulher.

  O Bloco Carnavalesco Anárquico das Virgens de Olinda, Pernambuco, foi fundado pelos freqüentadores da orla marítima. Durante o desfile, que acontece na avenida principal de bairro Novo, há concursos para determinar a virgem mais dengosa, a mais sapeca, a mais charmosa e a mais velha.

     Desde o carnaval de 1953, elas são as donas das ruas do Bairro Novo, em Olinda, no domingo pré-carnavalesco. Umas são "inocentes", outras ousadas, mas todas contagiam os foliões com fantasias exuberantes e originais.


     Uma brincadeira que começou com 28 amigos que jogavam futebol fantasiados de mulher e não pára de ganhar adeptos

     É durante a aparição das virgens em Olinda que homens de todo o Estado e até da Paraíba, do Ceará e do Pará incorporam personagens femininos e desafiam-se no concurso de fantasias mais irreverente de Pernambuco.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A triste partida, Patativa do Assaré

Versão de A triste partida em cordel
Toada de Patativa do Assaré gravada por Luiz Gonzaga em 30/11/1964, no LP homônimo, lançado pela RCA Victor. "A triste partida" tem 19 estrofes, 152 versos e duração de oito minutos e 53 segundos. Regravação: LP "O Homem da Terra", RCA, 1980, com participação especial de Gonzaguinha.
"A triste partida" foi lançada originalmente em folheto de cordel com o título "Pau de arara do Norte", anos 1950. O folheto grafou na época Assaré como Açaré.
Curiosidade da letra: para ter condições financeiras de viajar para São Paulo, o autor "vende o burro, o jumento, o cavalo e o galo".
A triste partida
Patativa do Assaré
Setembro passou, com oitubro e novembro
Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da peste,
Da fome feroz.
A treze do mês ele fez a experiença,
Perdeu sua crença
Nas pedra de sá.
Mas nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natá.
Rompeu-se o Natá, porém barra não veio,
O só, bem vermeio,
Nasceu munto além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.
Sem chuva na terra descamba janêro,
Depois, feverêro,
E o mêrmo verão
Entonce o rocêro, pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!
Apela pra maço, que é o mês preferido
Do Santo querido,
Senhô São José.
Mas nada de chuva! tá tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.
Agora pensando segui ôtra tria,
Chamando a famia
Começa a dizê:
Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo,
Nós vamo a São Palo
Vivê ou morrê.
Nós vamo a São Palo, que a coisa tá feia;
Por terras aleia
Nós vamo vagá.
Se o nosso destino não fô tão mesquinho,
Pro mêrmo cantinho
Nós torna a vortá.
E vende o seu burro, o jumento e o cavalo,
Inté mêrmo o galo
Vendêro também,
Pois logo aparece feliz fazendêro,
Por pôco dinhêro
Lhe compra o que tem.
Em riba do carro se junta a famia;
Chegou o triste dia,
Já vai viajá.
A seca terrive, que tudo devora,
Lhe bota pra fora
Da terra natá.
O carro já corre no topo da serra.
Oiando pra terra,
Seu berço, seu lá,
Aquele nortista, partido de pena,
De longe inda acena:
Adeus, Ceará!
No dia seguinte, já tudo enfadado,
E o carro embalado,
Veloz a corrê,
Tão triste, o coitado, falando saudoso,
Um fio choroso
Escrama, a dizê:
- De pena e sodade, papai, sei que morro!
Meu pobre cachorro,
Quem dá de comê?
Já ôto pergunta: - Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato,
Mimi vai morrê!
E a linda pequena, tremendo de medo:
- Mamãe, meus brinquedo!
Meu pé de fulô!
Meu pé de rosêra, coitado, ele seca!
E a minha boneca
Também lá ficou.
E assim vão dexando, com choro e gemido,
Do berço querido
O céu lindo e azu.
Os pai, pesaroso, nos fio pensando,
E o carro rodando
Na estrada do Su.
Chegaro em São Paulo - sem cobre, quebrado.
O pobre, acanhado,
Percura um patrão.
Só vê cara estranha, da mais feia gente,
Tudo é diferente
Do caro torrão.
Trabaia dois ano, três ano e mais ano,
E sempre no prano
De um dia inda vim.
Mas nunca ele pode, só veve devendo,
E assim vai sofrendo
Tormento sem fim.
Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de uvi,
Lhe bate no peito sodade de móio,
E as água dos óio
Começa a caí.
Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso,
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!
Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do su.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

ORIGEM DA CANTORIA NORDESTINA

A cantoria de repente teve início, aqui no Nordeste, em terras paraibanas, ali pelas quebradas da serra do Teixeira, no meado do século dezenove, com o surgimento dos primeiros cantadores e repentistas: Agostinho Nunes da Costa(1797-1852) e seus filhos Antônio Ugolino Nunes da Costa, Ugolino do Sabugi(Teixeira – 1832-1895), primeiro grande cantador brasileiro, e Nicandro Nunes da Costa(Teixeira – 1829-1918), o poeta ferreiro. Nessa fase inicial e na de afirmação da cantoria como profissão e arte, vamos encontrar Silvino Pirauá Lima(Patos-PB – 1848-1913), introdutor da sextilha no cordel e na cantoria, do uso da deixa e do martelo-agalopado como se canta hoje; Germano Alves de Araújo Leitão(Germano da Lagoa – Teixeira – PB – 1842-1904); Romano da Mãe d’Água(1840-1891), Francisco Romano Caluête, ou Francisco Romano, considerado o maior cantador de seu tempo, tornado legenda pelas famosas pelejas com Inácio da Catingueira(Catingueira-PB – 1845-1881), o chamado gênio escravo que engrandeceu a cantoria pela beleza e espontaneidade de seu estro. Outro cantador de grande expressão que marcou espaço na época foi Bernardo Nogueira(Teixeira – 1832-1895), de quem diz Câmara Cascudo: - “Violeiro afamado, repentista invencível, mestre-de-armas sertanejo, jogando bem espada e cacete, era mais inteligente que letrado.” (Vaqueiros e Cantadores, p. 309).

Alguns elegem Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno(Bahia – 1633-1693) e o Padre Domingos Caldas Barbosa(1738 – 1800) como precursores da cantoria de viola no Brasil. Os dois, na verdade bons poetas, foram cantadores de modinhas ao som da viola, nunca, porém, repentistas dados a duros e longos desafios. Improvisavam quadrinhas vez por outra, em saraus e reuniões de intelectuais. Caldas Barbosa, em Portugal, despertou a rivalidade do grande Bocage, em face do prestígio do primeiro nos salões palacianos, cantando modinhas e fazendo quadras, vez por outra. Uma feita, Bocage explodiu: - “Improvisa berrando o bode rouco!” Caldas Barbosa, em resposta, acentuou que Bocage,

“Um homem de pouca fé,
Só não fala de Jesus
Porque não sabe quem é!” 

O nosso mestre maior, Câmara Cascudo, que estudou a obra de Domingos Caldas Barbosa, para um volume da coleção Nossos Clássicos, não o considerou precursor da cantoria, assim como não deu também tal título a Gregório de Matos. E o mestre Cascudo não deixou a desejar a respeito das origens do desafio, do repente e da cantoria. 
Os dois poetas, sem dúvida, influenciaram os violeiros que cantam modinhas e músicas caipiras, cuja presença em Goiás e Minas é considerável atualmente. O programa da cantora Inezita Barroso – VIOLA MINHA VIOLA – na TV CULTURA, é palco desses inúmeros violeiros que muitas vezes nos levam às lágrimas com suas modinhas predominantemente tristes e langorosas.
Enquanto isso, a nossa cantoria de repente caracteriza-se pelo confronto entre cantadores, ou seja, pelo desafio, cuja origem remonta à Grécia Antiga. 

A esse respeito, muito se tem questionado, nos últimos tempos, na ânsia de aclarar as dúvidas e fincar uma estaca em algum ponto do tempo e do espaço que possa escorar confortavelmente os estudiosos do assunto e dar resposta firme ao enorme rol de curiosidades insatisfeitas. No Brasil, somente Cascudo estudou diretamente e com profundidade o assunto. Sílvio Romero, João Ribeiro, Gustavo Barroso, Rodrigues de Carvalho, Leonardo Mota, Renato Almeida, além de outros, cuidaram da cultura popular e do folclore, mas praticamente passaram de largo sobre a origem de nossa cantoria.

Parece-nos que, nessa busca do elo inicial da corrente eletrizante da cantoria nordestina, ninguém foi mais longe, com respaldo bibliográfico, do que o nosso gigantesco Luís da Câmara Cascudo, que o vai vislumbrar no antigo canto amebeu grego (desafio entre pastores), cuja técnica teria sido adotada por Homero na Ilíada e na Odisséia. Oportuno lembrar que Homero viveu (se é que viveu) por volta dos séculos IX e VIII antes de Cristo. Assim, o canto amebeu grego já era exercitado há, pelo menos, trinta séculos de hoje. O mestre potiguar assinala que Horácio e Virgílio testemunharam a influência desse canto nas populações rurais de seu país. “O canto alternado reaparece na Idade Média, nas lutas dos Jonglers, trouveros, Troubadours, Minesingers, na França, Alemanha, Flandres, sob o nome de tenson ou de Jeux-partis, diálogos contraditórios, declamados com acompanhamento de laúde ou viola, a viola de arco, avó da rabeca sertaneja”, argumenta Cascudo. Nosso gênio potiguar jamais abriu mão dessa tese e a sustentou no Dicionário do Folclore Brasileiro, em Vaqueiros e Cantadores e em Literatura Oral no Brasil. Contudo, ressalta que os árabes conheceram tal canto. Registra, também, a posição discordante de Teófilo Braga (1843-1924), grande historiador da literatura portuguesa, que julgava o desafio português, ou desgarrada, de origem árabe imitado pelos provençais, mas não arreda pé de sua tese, acrescentando apoio na obra de Charles Barbier – Introdução aos Idílios de Teócrito, de que transcreve longa página no próprio original francês. (Cascudo não gostava de traduzir as transcrições de outras línguas).
As posições de Cascudo e de Teófilo Braga trilham os seguintes caminhos:
a) Para Cascudo, os árabes absorveram o desafio dos trovadores provençais, advindo do canto amebeu grego, e o levaram para o oriente:
b) Para Teófilo Braga, os trovadores provençais receberam o desafio dos árabes e o imitaram em suas cantigas.

Sobre essas posições conflitantes dos dois mestres, leia-se Literatura Oral no Brasil, 1984, pp. 346/347.

Um enfoque condizente com a posição de Teófilo Braga é dado pelo Professor de estética e música e violonista da UFPE Sr. Luís Soler, em seu livro RAÍZES ÁRABES, NA TRADIÇÃO POÉTICO-MUSICAL DO SERTÃO NORDESTINO, publicado em 1978, citado por Alberto da Cunha Melo, (UM CERTO LOURO DO PAJEÚ, edição da UFRN, Natal, 2001, p. 61/65).

O autor de UM CERTO LOURO DO PAJEÚ, abraçando a tese do Prof. Luís Soler, admite que “a literatura oral é pré-histórica, pré-documental, pré-escrita, do beduíno do deserto ao repentista nordestino.” (obr. cit. , p. 39).
Um dos trunfos dessa tese é a origem árabe da rabeca e da viola, instrumentos que acompanham os cantadores nordestinos desde os mais antigos. Sabe-se que a viola foi, provavelmente, o primeiro instrumento de cordas que o português divulgou no Brasil (século XVI), porque na época do nosso povoamento a viola em Portugal estava em seu grande esplendor. Por outro lado, a orquestra típica das festas jesuíticas se compunha da viola, do pandeiro, do tamboril e da flauta. (Cascudo, Dicionário). Mas tudo indica que a viola, naquela época, ainda não era a dos nossos cantadores de repente e desafio, senão a dos cantadores de modinhas, canções, hinos eclesiásticos, etc.

O problema da ausência de documentação, tanto na antiguidade como em épocas mais recentes, a exemplo do período colonial brasileiro até a primeira metade do século dezenove, causa enorme dificuldade para o preenchimento dos espaços vazios na história de nossa cantoria e abre margem a inevitáveis especulações que, mais das vezes, não contribuem senão para acirrar a curiosidade dos interessados no assunto, embora talvez possa estimular o esforço a novas e laboriosas pesquisas.

Assim como o cordel, o desafio de repentistas nos veio de além-mar, provavelmente ao mesmo tempo, embora disso não se tenha documentação. “Não conheço documentação sertaneja anterior ao séc. XVIII”, afirma Câmara Cascudo (Literatura Oral no Brasil, 1984, p. 339).
Não contestamos a qualidade dos dois poetas e cantadores de modinhas, assim como a sua capacidade de improvisar. O que não dá para aceitar, em sã consciência, é que eles tenham influenciado os nossos velhos repentistas surgidos na primeira metade do século dezenove. A esse respeito, poderíamos questionar:

1º) Se o mineiro Caldas Barbosa e o baiano Gregório de Matos houvessem aberto caminho à cantoria dos repentistas nordestinos, por que estes não surgiram em Minas ou na Bahia? 2º) Se a influência tivesse vindo daquelas violas, por que vários dos primeiros cantadores usavam pandeiro e rabeca? 
Os nossos primeiros repentistas, surgidos no sertão da Paraíba, beberam, com certeza, em outras fontes, assim como os cordelistas,. Tanto os repentistas quanto os cordelistas iniciaram sua obra poética em quadras de sete sílabas, como se fazia no velho mundo. “Não houve criação brasileira nem alteração de maior na nomenclatura.” (Cascudo, obra citada, p. 339).

Com relação aos nossos repentistas, parece-nos provável que desde tempos anteriores ao seu surgimento no sertão da Paraíba, cantadores anônimos tenham perambulado Nordeste afora, ensaiando desafios, tocando viola e batendo pandeiro, porque essas coisas não surgem de vez, logo com um grupo quase organizado de diversos cantadores, ali, nas quebradas do Teixeira. Mas é claro que não temos documentação disso, como já observamos linhas atrás.

De qualquer forma, pelo sim ou pelo não, a cantoria continuará a mesma. Não é uma questiúncula desse naipe que lhe irá mudar os rumos ou as características atuais. Nosso empenho é que ela mergulhe no terceiro milênio com água e lenha, vencendo como sempre todas as adversidades e preservando os verdadeiros valores da cultura popular.

Cabe uma palavra, ainda, sobre a sextilha. Segundo José Alves Sobrinho e Átila Augusto F. de Almeida, essa forma poética teria sido criada por Silvino Pirauá Lima (Dicionário Bio-Bibliográfico dos Repentistas e Poetas de Bancada, I vol., p. 45). Em verdade, o que Pirauá fez foi introduzi-la na cantoria e no cordel, porquanto “A sextilha setissílábica, forma absolutamente vitoriosa na literatura de cordel brasileira, ABCBDB, é tão antiga quanto a quadra, ensinava Carolina Michaelis de Vasconcelos, dizendo-a popularíssima no séc. XVI.” (Conf. Luís da Câmara Cascudo, Literatura Oral no Brasil, Editora da Universidade de São Paulo, 1984, p. 339).

A VAQUEJADA



Monumento em azulejo no Piauí.

A vaquejada é uma atividade cultural do Nordeste brasileiro, na qual dois vaqueiros montados a cavalo têm de derrubar um boi, puxando-o pelo rabo, entre duas faixas de cal do parque de vaquejada. Muito popular na segunda metade do século XX, passou a ser questionada a partir da década de 2010 por ativistas dos direitos dos animais em virtude dos possíveis maus-tratos aos bois.

Em decisão proferida em 6 de outubro de 2016, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional uma lei cearense que procurava disciplinar a modalidade esportiva como um evento cultural, sob o argumento de que manifestações culturais não se sobrepõem ao direito de proteção ao meio ambiente, consagrado no artigo 225 da Constituição Federal.

História

A vaquejada surgiu no sertão nordestino entre os séculos XVII e XVIII.

As festas de apartação

As fazendas de pecuária bovina extensiva da época não eram cercadas. No mês de junho, quando passava a estação chuvosa, os fazendeiros realizavam as chamadas "festas de apartação", em que reuniam dezenas de vaqueiros para buscar os bois que se misturavam com os dos vizinhos, separar os que seriam comercializados e aqueles a serem ferrados ou castrados. O manejo do gado requeria habilidade e coragem.

As "pegadas de boi"

Durante a apartação, alguns bois, chamados de "marrueiros" ou "barbatões", fugiam do rebanho e resistiam ao chamado do vaqueiro sendo perseguidos e derrubados pela cauda. Essa prática de pegar o boi no meio da caatinga, conhecida como "pegada de boi", conferia entre os participantes respeito e fama para vaqueiros e seus cavalos. O vaqueiro que derrubava um barbatão, além da fama, recebia um prêmio, que podia ser o próprio animal vencido ou uma recompensa em dinheiro. Pouco a pouco, essas iniciativas converteram-se em um ritual festivo, atraindo não só os vaqueiros mas também a comunidade da região.

As "corridas de morão"

Na década de 1940, vaqueiros da Bahia e do Ceará começaram a divulgar suas habilidades na lida com o rebanho, por meio de uma atividade que ficou conhecida como "corrida de morão" (ou "mourão") e que se diferenciava da pegada de boi por realizarem-se no pátio das fazendas. Os vaqueiros desafiavam-se correndo, um de cada vez, atrás do boi em qualquer espaço do pátio. Ganhava aquele que mais se destacasse na puxada do boi.

Bolão de vaquejada

Após alguns anos, pequenos fazendeiros de várias partes do nordeste começaram a promover um novo tipo de vaquejada, onde os vaqueiros tinham que pagar uma quantia em dinheiro, para ter direito a participar da disputa. O dinheiro era usado para a organização do evento e para premiar os vencedores.

As montarias, que eram formadas basicamente por cavalos nativos daquela região, foram sendo substituídas por animais de melhor linhagem. O chão de terra batida e cascalho, ao qual os peões estavam acostumados a enfrentar, deu lugar a uma superfície de areia, com limites definidos e regulamento. Cada dupla tinha direito a correr três bois. O primeiro boi valia oito pontos, o segundo valia nove e o terceiro boi correspondia a dez pontos. Esses pontos eram somados e no final da vaquejada era feita a contagem de pontos, a dupla que somasse mais pontos era campeã, e recebia um valor em dinheiro. Esse tipo de vaquejada com três bois foi e ainda é chamada de "bolão".

Vaquejada moderna

Nos anos 1960, começaram a ser disputadas as primeiras vaquejadas na faixa dos seis metros. A pista de dez metros surgiu a partir da década de 1980.

As vaquejadas modernas se tornaram um negócio. Em 2013, movimentam cerca de 50 milhões de reais por ano, entre premiações, espetáculos e publicidade e envolviam 1.500 empregados diretos e 5 mil indiretos. Cada evento de vaquejada tem um investimento médio de 800 mil reais e um vaqueiro iniciante investe cerca de 10 mil reais para começar no ramo. Em 2016, a Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ) estimou em 4 mil o número de eventos realizados a cada ano no País.

De acordo com a ABVAQ, a prática se modernizou e passou a se autorregular para preservar a saúde de vaqueiros e animais. A introdução do protetor de cauda, por exemplo, é um dos cuidados com os bovinos para evitar danos à saúde do animal. O equipamento é um rabo artificial feito com uma malha de nylon que é fixado na base do rabo do boi e que reveste a cauda.

Situação

No Ceará, são realizados mais de 700 eventos de vaquejada por ano, que geram 600 mil empregos diretos e indiretos e movimentam mais de R$ 14 milhões. Uma lei estadual de 2013 tentou regulamentar a vaquejada no estado, mas foi considerada inconstitucional pelo STF. Desde 2014, é proibida a realização de vaquejadas em Fortaleza e a divulgação na capital dos eventos realizados em outros municípios.

Em Pernambuco, uma associação de criadores de cavalo apurou que, em 2009, a atividade gerava mais de 120 mil empregos diretos e 600 mil indiretos no estado.

Na Paraíba, a atividade é reconhecida como modalidade esportiva desde 2015. Existem mais de cem parques de vaquejada no estado, promovendo eventos de diversos portes. Os maiores eventos ocorrem nos parques Ivandro Cunha Lima (Campina Grande), Maria da Luz (Campina Grande) e Bemais (João Pessoa). Esses três eventos distribuem mais de R$ 500 mil em prêmios e estão entre os dez principais do país.

No Rio Grande do Norte, são realizadas 400 vaquejadas por ano, envolvendo a participação de 20 mil profissionais e cerca de 50 ou 60 mil pessoas incluindo os postos indiretos relacionados à atividade.

Em Alagoas, há 500 pistas destinadas a treinamentos e competições e cerca de 150 vaquejadas são realizadas anualmente, gerando 11 mil empregos diretos e movimentando R$ 5 milhões. A Assembleia Legislativa discute um projeto de lei que reconhece a vaquejada como atividade esportiva e outro que a torna patrimônio cultural imaterial do estado.

Na Bahia, a vaquejada é praticada há mais de cem anos. Desde 2014, a atividade integra o patrimônio cultural imaterial do estado e desde 2015, é reconhecida como prática desportiva e cultural. Seu principal evento anual é a vaquejada de Serrinha, uma das mais tradicionais do país.

Maus-tratos

A vaquejada, assim como o rodeio, é repudiada pelas entidades de defesa animal brasileiras, em razão dos maus-tratos aos bois e cavalos que participam dos eventos. 

Entre as críticas, estão o ato de submeter os bois ao medo e desespero através de encurralamento e agressões a choque elétrico e pancadas, no intuito de fazê-lo correr em fuga e sua descorna sem anestesia. Os próprios atos de perseguir o animal e puxar sua cauda também são considerados agressões pelos defensores dos animais. Além disso, são relatadas com certa frequência consequências muito nocivas da tração forçada na cauda e da derrubada do boi, tais como fraturas nas patas, traumatismos e deslocamento da articulação da cauda ou até a sua amputação.

Outro detalhe, reconhecido pelos próprios organizadores de vaquejadas, é que o boi pode não conseguir se levantar após ser derrubado, caso em que o julgamento da prova é realizado mesmo com o boi inerte no chão.
Cavalos das raças Quarto de Milha (foto) e Paint Horse são os preferidas para as corridas de vaquejada, por serem consideradas de melhor desempenho.

Pesquisas sugerem que os cavalos utilizados na vaquejada apresentam alterações físicas, bioquímicas e hematológicas em decorrência do estresse associado ao exercício físico, à falta de uma rotina de treinamento adequado e às condições ambientais inóspitas dos parques de vaquejada. Também se verifica uma alta frequência de desequilíbrios podais, provavelmente causados por técnicas inadequadas de casqueamento e ferrageamento. Ainda, seu manejo sanitário nas vaquejadas é bastante deficitário quanto à prevenção e controle de doenças infecto-contagiosas, fato agravado pela falha na fiscalização interestadual e principalmente pela falta de controle sanitário nos locais dos eventos, permitindo a entrada de animais doentes, o que favorece a disseminação de suas doenças e põe em risco a saúde humana, em particular dos tratadores. Os cavalos são atiçados a correr mediante golpes de esporas aplicados pelos vaqueiros.

Além das consequências físicas nos animais, questões éticas entram em debate, como o questionamento do embasamento moral de se explorar e agredir animais para fins de diversão, a validade de se chamar de esporte um evento de entretenimento baseado por definição no abuso dos mesmos e o dilema da prevalência do valor cultural deste tipo de atividade sobre o bem-estar e a dignidade dos bichos.

Legislação

A vaquejada, o rodeio e expressões artístico-culturais similares ganharão o status de manifestações da cultura nacional e serão elevadas à condição de patrimônio cultural imaterial do Brasil. É o que estabelece a Lei 13.364/2016, sancionada sem vetos pela Presidência da República e publicada no dia 30/11/2016 no Diário Oficial da União.

A nova lei tem origem no Projeto de Lei da Câmara (PLC) 24/2016, aprovado no Senado em 1º de novembro. A lei está em vigor desde 01/12/2016.

Em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia proibido a vaquejada, ao derrubar, por 6 votos a 5, uma lei do Ceará que regulamentava a prática. A maioria dos ministros argumentou que a prática causava maus-tratos aos animais.

A decisão do STF passou a servir de referência para todo o país, e o tema gerou grande debate no Congresso Nacional. Tramitam ainda no Senado outros dois projetos (PLS 377/2016 e PLS 378/2016) que classificam a atividade como patrimônio cultural brasileiro e uma proposta de emenda à Constituição (PEC 50/2016) que assegura a continuidade da prática, se regulamentada em lei específica que assegure o bem-estar dos animais.

Movimentação na economia

De autoria do deputado Capitão Augusto (PR-SP), o PLC 24/2016 foi relatado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), com voto favorável à matéria. Em seu relatório, Otto Alencar ressaltou a movimentação na economia local, pelo rodeio e a vaquejada, além do fato de que são manifestações “já há muito cultivadas pela população de diversas regiões do País”.

Além do relator, defenderam e apoiaram em Plenário a aprovação da proposta os senadores José Agripino (DEM-RN), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Sérgio Petecão (PSD-AC), Raimundo Lira (PMDB-PB), Hélio José (PMDB-DF), Armando Monteiro (PTB-PE), Magno Malta (PR-ES), Lídice da Mata (PSB-BA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Deca (PSDB-PB), Edison Lobão (PMDB-MA), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) entre outros.

O senador Roberto Muniz (PP - BA) ressaltou que existem ações de proteção ao animal e lembrou que as práticas são tradições regionais:

- Há um desprezo do que é a cultura nordestina e, principalmente, do que é a cultura do interior do nosso País. Desprezo que a população urbana tem sobre as práticas culturais da população rural – ponderou.

Maus tratos a animais

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi uma das poucas a discursar contra a aprovação do projeto. Ela sugeriu que a votação fosse adiada para que houvesse uma discussão mais aprofundada, mas não obteve sucesso. Para Gleisi, os senadores estão indo contra decisão do STF que considera a vaquejada inconstitucional por envolver maus tratos a animais.

Gleisi e os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Reguffe (sem partido-DF) e outros registraram voto contrário ao projeto. O senador Humberto Costa (PT-PE), absteve-se de votar.

Manifestações similares

Além da vaquejada e do rodeio, a nova lei estabelece como patrimônio cultural imaterial do Brasil atividades como as montarias, provas de laço, e apartação; bulldogging; provas de rédeas; provas dos Três Tambores, Team Penning e Work Penning, paleteadas, e demais provas típicas, tais como Queima do Alho e concurso do berrante, bem como apresentações folclóricas e de músicas de raiz.

Já são reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do Brasil: Arte Kusiwa (pintura corporal e arte gráfica Wajãpi), Cachoeira de Iauaretê (lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uapés e Papuri), Bumba Meu Boi do Maranhão, Fandango Caiçara, Feira de Caruaru, Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis (GO), Frevo, Samba, modo artesanal de fazer queijo de Minas nas regiões do Serro e das serras da Canastra e do Salitre, ofício das Baianas de Acarajé, Ofício dos Mestres de Capoeira, e o Tambor de Crioula do Maranhão.

Em virtude do crescimento da importância econômica da atividade e das críticas levantadas quanto aos maus-tratos aos animais envolvidos, muitas têm sido as iniciativas de proibição, regulamentação ou reconhecimento legal da atividade, em âmbitos municipais, estaduais e federal.

Lei Federal 10.220/2001

A profissão de peão de vaquejada foi regulamentada no Brasil pela Lei nº 10.220, de 11 de abril de 2001, que considera "atleta profissional o peão de rodeio... Entendem-se como provas de rodeios as montarias em bovinos e equinos, as vaquejadas e provas de laço, promovidas por entidades públicas ou privadas, além de outras atividades profissionais da modalidade organizadas pelos atletas e entidades dessa prática esportiva".

Lei 6.265/2012 (Piauí)

A vaquejada foi regulamentada no Piauí pela lei 6.265/2012, de autoria do deputado Mauro Tapety (PMDB) e sancionada em 27 de agosto e 2012 pelo governador Wilson Martins.

Lei 4.381/2013 (Teresina)

A vaquejada foi regulamentada na capital do Piauí por meio da lei 4.381/2013, de autoria do vereador Urbano Eulálio. O projeto sofreu veto do prefeito, mas a câmara municipal derrubou o veto e a lei entrou em vigor em 2013. Em 2016, a vereadora Teresa Britto (PV) declarou intenção de solicitar revogação da lei na câmara municipal, após constatar maus-tratos aos animais durante vistoria a um evento realizado no Parque de Exposições Dirceu Arcoverde.

PL 255/2015 (Maranhão)

O projeto de autoria do deputado estadual Vinícius Louro (PR) foi aprovado na assembleia legislativa e seguiu para sanção ou veto do governador Flávio Dino (PCdoB).

Lei 15.299/2013 (Ceará)

No dia 22 de novembro de 2012, o deputado estadual Welington Landim (PSB) apresentou um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Ceará que regulamentava a vaquejada como prática desportiva e cultural no estado. À época, o autor do projeto alegou que o propósito era de fazer com que as pistas tivessem as condições necessárias para que o gado e o vaqueiro sofressem menos no esporte, que seria o mais popular da região Nordeste e representante da cultura regional. Seu filho, o então prefeito da cidade de Brejo Santo, era proprietário de um haras e organizador da vaquejada do Parque Zequinha Chicote.

Aprovada em 20 de dezembro, a lei foi sancionada pelo governador em exercício Domingos Filho, do PMDB, em 8 de janeiro de 2013. Porém, a lei aprovada em tempo recorde (passou por quatro comissões e pelo plenário em menos de um mês) provocou a revolta de movimentos de defesa dos direitos dos animais. Geuza Leitão, presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) no Ceará, alegou que os bois sofrem maus-tratos durante tais eventos, o que seria um desrespeito ao artigo 225 da Constituição Brasileira, que proíbe práticas que submetam os animais à crueldade.
ADI 4.983
Ao apresentar seu voto, que desempatou o julgamento, Cármen Lúcia reconheceu que a vaquejada faz parte da cultura de alguns estados, mas considerou que a atividade impõe agressão e sofrimento animais.

Após a aprovação da lei 15.299 do Ceará, a Procuradoria da República no Ceará (PR-CE), representada por Alessander Sales, classificou-a como inconstitucional. Ainda em janeiro de 2013, a PR-CE encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) uma representação de ação direta declaratória de inconstitucionalidade (Adin) para julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Na representação a PR-CE concluiu que a vaquejada submete os animais nela envolvidos (touros, novilhos e cavalos) a maus-tratos, violando assim o artigo 225 da Constituição Federal. Enquadrou a prática em situação análoga à de duas precedentes: as rinhas de galo no Rio de Janeiro e a farra do boi, ambas já reconhecidas anteriormente pelo próprio STF como práticas que envolvem maus-tratos aos animais. Em 1997, no caso da farra do boi, a questão cultural também era levantada, e o STF havia considerado que mesmo as manifestações culturais não podem se realizar com maus-tratos a animais. Em 31 de maio de 2013, a Adin 4.983 foi impetrada no STF, mas somente em julho foi recebida pelo relator, o ministro Marco Aurélio Mello. Em outubro de 2013, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF reforçando a posição da PR-CE. Segundo o procurador, a prática é inconstitucional, ainda que realizada em contexto cultural.

No dia 6 de outubro de 2016, o STF decidiu, por 6 votos a 5, que a vaquejada fere os princípios constitucionais de preservação do meio ambiente e, portanto, a lei estadual do Ceará que considerava esta atividade uma manifestação cultural não poderia receber a proteção legal. Votaram pela inconstitucionalidade da lei cearense os ministros Marco Aurélio Mello, relator do caso, Roberto Barroso, Rosa Weber, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e a presidente Cármen Lúcia. Para o relator, é "intolerável a conduta humana autorizada pela norma estadual atacada".

Lei 10.186/2014 (Fortaleza)

Em junho de 2013, a vereadora Toinha Rocha do PSOL apresentou projeto de lei na Câmara de Vereadores da capital cearense visando proibir a realização de vaquejadas e rodeios em Fortaleza, bem como a divulgação e publicidade de eventos do gênero que ocorrerem em outras localidades. O projeto proibia também quaisquer eventos que exponham animais a maus-tratos, crueldade ou sacrifícios. Aprovada em 2014 sob o número 10.186, a lei foi sancionada pelo prefeito Roberto Cláudio (PROS) e publicada no Diário Oficial do município no dia 16 de maio daquele ano, entrando em vigor 30 dias depois.

Lei 10.428/2015 (Paraíba)

Em janeiro de 2015, a Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou a lei 10.428, de autoria do deputado Doda de Tião, do PTB, reconhecendo a vaquejada como modalidade esportiva no estado. A aprovação gerou críticas de ativistas e organizações de defesa dos direitos dos animais, que alegam que a atividade promove maus-tratos aos animais. À época, o presidente da Federação Paraibana de Parques de Vaquejadas defendeu a lei, alegando a existência de um regulamento técnico que define normas para garantir a integridade física dos animais, proibindo o uso de objetos cortantes ou pontiagudos. O autor da lei, o deputado Doda de Tião, do PTB, que é fazendeiro e criador de cavalos, argumentou que a vaquejada está inserida na cultura nordestina e que, com o passar do tempo, se profissionalizou e se consolidou empregando pessoas nas fazendas e haras, como médicos veterinários, motoristas, vaqueiros, músicos e vendedores autônomos.

Lei 13.200/2014 (Bahia)

No dia 10 de novembro de 2014, o deputado estadual Adolfo Viana (PSDB) protocolou o projeto de lei 20.983/2014 na Assembleia Legislativa da Bahia, pretendendo a incorporação da vaquejada ao patrimônio cultural imaterial do estado. O projeto foi encaminhado ao plenário no dia 19 de novembro, com parecer favorável do deputado Mário Negromonte Júnior, aprovado em primeira e segunda discussões na mesma data e seguiu para apreciação do governador Jaques Wagner (PT) que o sancionou no dia 28 como lei 13.200/2014.

Lei 13.454/2015 (Bahia)

Em novembro de 2015, o governador Rui Costa sancionou a lei estadual 13.454/2015, de autoria do deputado estadual Eduardo Salles, que regulamentou a vaquejada como prática desportiva e cultural na Bahia e instituiu medidas para combater os maus-tratos aos animais durante o evento, tais como a presença obrigatória de veterinário e o banimento dos arreios, entre outras.

PL 60/2015 (Alagoas)

Em setembro de 2015, a Assembleia Legislativa de Alagoas aprovou por unanimidade em primeira discussão o projeto de lei 60/2015, de autoria do deputado Dudu Hollanda (PSD), que reconhece a vaquejada como atividade esportiva no estado. A matéria aguarda ser apreciada em segunda discussão antes de seguir para sanção ou veto do governador Renan Filho (PMDB), que já declarou apoio à causa.

Aparições na Mídia

No dia 1º de maio de 2016, a vaquejada foi a sexta modalidade a ser apresentada na série Jogos do Mundo, exibida pelo Esporte Espetacular. Ao anunciar que esta modalidade seria exibida, o programa recebeu uma série de críticas, que diziam que o programa estava promovendo a crueldade contra animais. Um abaixo-assinado na internet foi criado exigindo que o programa não exibisse a matéria.